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As propriedades mecânicas dos aços-carbono são afetadas, em princípio, pelos dois fatores seguintes:
- composição química;
- microestrutura.
No que se refere à composição química, nos aços esfriados normalmente, isto é, em condições tais que se processe transformação total da austenita, o elemento predominante é o carbono que, como se viu, à medida que aumenta, melhora as propriedades relativas à resistência mecânica, isto é, o limite de escoamento, o limite da resistência à tração e a dureza e piora das propriedades relativas à ductilidade e à tenacidade, isto é, o alongamento, a estricção e a resistência ao choque. Quanto aos elementos residuais, a sua influência já foi comentada.
No que se refere à microestrutura, esta é inicialmente afetada pela composição química, pois sabe-se que os constituintes presentes são ferrita e perlita, ou perlita e cementita ou somente perlita, conforme se trate de aço hipoeutetóide, hipereutetóide ou eutetóide.
Por outro lado, a microestrutura dos aços depende também dos seguintes fatores:
- estado ou condição do aço, sob o ponto de vista de fabricação; se fundido, trabalhado a quente (laminado, forjado, etc.) ou trabalhado a frio (encruado);
- tamanho de grão austenítico;
- velocidade de esfriamento;
No estado fundido o aço apresenta granulação grosseira, do tipo dentrítico, visto que a austenita se forma a altas temperaturas e o esfriamento do interior dos moldes é muito lento (fig. 108).
No estado trabalhado a quente, em que a maioria os aços é utilizada (laminados, forjados, etc.), como as operações de conformação a quente são realizadas a temperaturas em que o aço se apresenta no estado austenítico, verificam-se as seguintes conseqüências:
- homogeneização apreciável da estrutura, pela tendência a eliminar ou reorientar as inclusões e segregações que ocorrem durante a solidificação do metal no interior dos moldes;
- destruição da estrutura dendrítica;
- recristalização, com acentuada influência sobre o tamanho do grão, que, por sua vez, depende das temperaturas finais de deformação; geralmente, o trabalho a quente produz uma redução do tamanho de grão de aço.
Em conseqüência, as propriedades mecânicas finais do aço são melhoradas sensivelmente, em relação às do material fundido.
Fig. 108 – Aspecto comum de aço moldado, no estado bruto de fusão. Parte da estrutura é acicular e parte é rendilhada.
No estado encruado, característico de alguns dos mais importantes produtos siderúrgicos, como fios, fitas, chapas, etc., os efeitos mais importantes são s seguintes:
- aumento da resistência mecânica;
- aumento da dureza;
- diminuição da ductilidade, representada por um decréscimo de alongamento e estrição.
A figura 109 mostra o aspecto micrográfico de um aço meio duro, encruado por martelamento a frio.
O efeito do encruamento sobre a ductilidade do aço pode ser verificado na figura 110 (111).
A figura 111 mostra o efeito do encruamento sobre as curvas tensão-de-deformação de aço de baixo carbono.
Finalmente, a Tabela 21 dá alguns valores de propriedades mecânicas de aço com 0,14% de carbono, para diversos estados de fabricação.
No que se refere ao tamanho de grão austenítico, a Tabela 3 apresentada no Capítulo III permite avaliar o seu efeito em alguns dos mais importantes característicos dos aços.
Finalmente, o fator velocidade de esfriamento já foi abordado no Capítulo II. Viu-se, então, como, modificando-se essa velocidade a partir do estado austenítico, originam-se as diversas estruturas típicas dos aços e que determinam as suas propriedades finais.
Fig.109 – Aspecto micrográfico de aço duro encruado por martelamento a frio. Ataque: reativo de nital. Aumento: 200 vezes.
Tabela 21 – Efeito do encruamento obtido por laminação a frio sobre as propriedades de tração de aço de baixo carbono.
Propriedade | Estado recozido | Encruado com 30% de redução | Encruado com 60% de redução |
Limite de proporcionalidade de kgf/mm2 (MPa) | 19,0 (190) | 11,0 (110) | 7,0 (70) |
Limite de escoamento kgf/mm2 (MPa) | 24,0 (240) | 52,5 (515) | 67,5 (665) |
Limite de resistência à tração, kgf/mm2 (MPa) | 41,0 (400) | 56,5 (555) | 68,5 (675) |
Alongamento em 4", % | 41,7 | 22,0 | 10,5 |
Estricção, % | 65,8 | 58,0 | 43,0 |
Fig. 110 – Efeito do encruamento sobre a ductilidade do aço.